Lembro que fiquei maravilhado quando conheci um editor hexadecimal. Ele me permitia ver ou editar os bytes de um arquivo ou do hd, me permitia editar uma memória. Mais tarde, usando linux, me tornei fã dos comandos dd e echo -e. Também marcou minha memória quando conheci sobre o ciclo de busca e execução ao ler sobre assembly. O processador vive um eterno retorno, pois faz um ciclo onde pega instruções na memória e as executa. Mais tarde me diverti escrevendo byte a byte algumas instruções num pendrive, configurando o boot para a máquina iniciar pelo pendrive e vendo ela executando o que escrevi. Também não posso deixar de mencionar que um computador é construído fazendo sequência de apenas 3 operações lógicas: E, OU e NÃO.
Quando temos vontade de algo, precisamos usar o conteúdo de nossa memória (nosso conhecimento). Por exemplo, se quero comer caqui, preciso saber que caqui existe, onde posso comprar, se o preço não está abusivo, se tenho dinheiro suficiente, se o dinheiro não me fará falta para atender outra vontade mais importante, etc. Portando, a vontade são ordens ou comandos para nós, mas ela precisa do conteúdo da memória para se produzir e para agir.
Software me interessa porque não são inertes como textos, eles agem. Gosto do fato de podermos criar acionadores (gatilhos ou eventos) para fazer um software entrar em ação. É como se ele tivesse vida. É como se ele fosse como nós e reagisse ao ambiente. Ele pode trabalhar por nós, mesmo em nossa ausência.
A memória que um software usa, não precisa ser local. O software precisa de um endereço de onde ler dados. Esse endereço pode ser uma URL e a memória pode ser toda a internet. Também gosto da ideia de uma memória e vários agentes, sendo cada agente um software ou um processador. É como uma folha de papel onde várias pessoas escrevem simultaneamente em regiões diferentes. Obs.: Essa ideia contraria a evolução biológica, que armazena todo o código em cada célula do organismo, onde o mais importante é sobreviver aos desafios impostos pelo ambiente. Durante cada vida, o código é de apenas leitura.
Quando um aplicativo abre uma foto, penso que ele entende o formato do arquivo. Acho que uma pessoa entende um texto quando seu conteúdo se liga ao que a pessoa tem na memória.
Para criar novos entendimentos, ou seja para aprender, precisamos pegar coisas simples, analisar uma parte pequena de nossa realidade, como arquivos pequenos. Observar as relações entre as partes e como cada parte influencia o que é observado. Portanto, são coisas bem distantes da complexidade dos softwares que usamos diariamente.
Digo que uma pessoa é inteligente quando ela faz escolhas que valorizo. Por exemplo, entrego uma cesta para uma pessoa e peço para ela colher laranjas para mim. Se na volta, além das laranjas maduras, houver laranjas verdes ou estragadas, penso que a pessoa não foi inteligente. Outra pessoa poderia dizer, olha que esperto, ele trouxe laranjas verdes que vão demorar para amadurecer e estragar. Observe que a pessoa teria que me conhecer para saber que eu queria laranjas maduras para aquele momento.
Quando digo algo para uma pessoa, não tenho como abrir a cabeça dela e analisar sua memória para verificar se entendeu, mas posso observar as ações dela. Assim como quando estou editando um texto, após pressionar uma tecla no teclado verifico se apareceu na tela uma imagem da letra. Portanto, o importante não é se uma máquina é inteligente ou não, se ela funciona parecido conosco ou não, mas sim se ela faz coisas que atendem nossas expectativas. Convém lembrar que é difícil agradar sempre.
Não ser religioso foi uma escolha racional. Uma escolha baseada no conhecimento da História, no conhecimento de que os pensamentos que temos hoje foram criados por nós ao longo da história.
Não acredito que exista uma entidade superior controlando o mundo, mas que são as interações das partículas que compõem o mundo que fazem as coisas acontecerem.
Sei que determinados pensamentos ajudam a aliviar angústias, a aliviar sofrimentos, por isso, acho que a religião tem um papel importante na nossa sociedade. Considerando a quantidade de pessoas religiosas em comparação à quantidade de cientistas, acredito que a religião continuará existindo por muitos anos.
Diante de uma situação de doença ou de morte podemos nos sentir impotentes, como se o que sabemos fosse pouco demais. Porém, a incerteza existe, não conseguimos prever com exatidão o que ocorrerá no futuro. O tempo todo corrigimos nossa direção para chegarmos onde queremos. Podemos nos concentrar no presente e viver este momento de existência. Podemos nos lembrar das coisas boas que a vida nos proporcionou e sentir gratidão por elas. Às vezes, para a nossa felicidade, é mais importante se concentrar no que temos, e achamos bom, do que no que não temos.
Uma das grandes angústia do ensino é que você depende da ação de outra pessoa para realizar sua vontade. O objetivo é mudar a reação do outro a determinados ambientes. Dizem que o importante é a intenção que motivou a ação do educador, é o objetivo que se quer alcançar.
Outro problema é que ninguém tem bola de cristal para prever o futuro, ou seja, ninguém sabe o que realmente será útil para um indivíduo ao longo da vida dele. Podemos oferecer cursos ou manter as pessoas ocupadas com alguma atividade durante algum tempo. Já pensou no que você quer agora? O que pretende fazer no seu tempo de vida? Vai gastar suas próximas horas ocupado com o quê?